Miko Marczyk é o Campeão Europeu de Ralis deste ano. Fora das pistas, porém, o piloto polaco tem um passatempo inesperado: condução económica. Ao volante de um Škoda Superb, conseguiu percorrer 2.831 kms com um único depósito, um novo recorde mundial. Partilha agora algumas dicas sobre como alcançar este feito.
No mundo dos ralis, Miko Marczyk dá sempre o máximo, mas na condução diária consegue percorrer grandes distâncias de forma segura e eficiente. Passa mais de 120.000 kms ao volante todos os anos. “O nosso desporto é muito exigente financeiramente, por isso procuro formas de oferecer o máximo valor aos meus parceiros”, explica, justificando a elevada quilometragem anual.
Uma das ideias para aumentar a sua visibilidade e a dos seus patrocinadores surgiu precisamente do facto de, em estrada, Miko nunca ter pressa. Pelo contrário, há vários anos descobriu o gosto pela condução eficiente. “Com amigos, começámos a testar até que ponto os carros podiam ser económicos e iniciámos uma competição amigável”, conta. Na altura conduzia um Škoda Octavia 2.0 TDI, e foi aí que surgiu uma nova ambição: “O Octavia tem um depósito relativamente pequeno, por isso esperei pela nova geração do Superb”, recorda, explicando como nasceu a ideia de tentar o recorde mundial de distância percorrida com um só depósito.
Este ano, Miko transformou a ideia em realidade, estabelecendo o recorde mundial de maior distância percorrida com um único depósito de combustível. Num Škoda Superb de quarta geração, percorreu 2.831 kms com um só depósito, com um consumo médio de 2,61 litros de gasóleo aos 100 km. Para comparação, o consumo oficial combinado deste modelo é de 4,8 l/100 km. “Qualquer condutor pode, com alguma facilidade, baixar o consumo face ao valor anunciado pelo fabricante”, afirma.
As 5 dicas de Miko Marczyk para condução económica
Os conselhos são simples. “A pressão dos pneus é fundamental: mantenham os valores recomendados pelo fabricante. É suficiente para obter baixo consumo”, sublinha, chamando a atenção para uma regra básica frequentemente esquecida. Condução suave e antecipação também são essenciais: “Olhem longe, antecipem, tirem o pé do acelerador a tempo e tentem travar o mínimo possível. Acelerar deve ser sempre um processo gradual.”
Acrescenta ainda outro ponto importante: “Procuro estar sempre o mais descansado possível. Dormir é essencial, tento dormir sete a oito horas por noite. Isso permite-me manter a concentração e tomar melhores decisões.” O estilo extremo de condução económica usado no recorde não faz parte da sua rotina diária. “No dia a dia conduzo normalmente, ouço podcasts, atendo chamadas... levo a condução com naturalidade”, diz.
Para alcançar o recorde, Miko planeou ao detalhe toda a estratégia. Tudo começou pela escolha do carro. Optou pelo Škoda Superb, devido ao depósito de 66 litros (enchido até ao limite para o recorde) e à excelente aerodinâmica. Escolheu a versão 2.0 TDI de 110 kW, tração dianteira e caixa DSG de 7 velocidades, mantendo as jantes de 16 polegadas. “O carro pesa 1.590 kg, o que é excelente para um modelo deste tamanho e ajuda a reduzir a resistência ao rolamento”, explica.
Passou também algum tempo a conhecer o veículo. Recebeu-o em novembro de 2024 e iniciou a tentativa de recorde no início de março deste ano. “Antes do recorde já tinha feito cerca de 20.000 quilómetros com o carro”, conta. Embora a viatura tenha permanecido praticamente de série, fez uma alteração: instalou molas Sportline, baixando a suspensão em 15 milímetros – “Melhorou a aerodinâmica”, refere. Montou ainda pneus de baixa resistência ao rolamento: “Descobri que pneus novos não são ideais – é melhor usá-los um pouco para reduzir o consumo”, explica.
A condução foi relativamente simples. Miko manteve velocidades baixas, cerca de 80 km/h, onde o motor é mais eficiente. Para suavizar trocas de mudança e resposta do acelerador, utilizou o modo Eco. Também manteve uma distância segura de outros veículos. “A aerodinâmica do Superb é tão boa que, mesmo mantendo distância, um camião à frente pode ajudar a cortar o vento. Com vento favorável, nem é preciso usufruir da boleia aerodinâmica”, observa.
Um carro de apoio seguia à frente, dois a três kms, para passar informações sobre a estrada. “Até os pequenos detalhes importavam, como uma ligeira inclinação antes de uma portagem, que me permitia tirar o pé do acelerador e quase não travar até à barreira”, descreve.
Apesar do sucesso, acredita que ainda há margem para melhorar. “A Alemanha foi complicada. À noite estavam 1 ºC, o que não é ideal para consumo. Houve também longas subidas de mais de 5 km. No regresso pela França, apanhei 200 km com vento traseiro e o consumo baixou para 2,2 l/100 km”, recorda.
Miko ainda deixou alguma margem, porque utilizou gasóleo normal. Se tentar novo recorde, quer experimentar combustível premium. Menciona discretamente um novo objetivo: ultrapassar os 3.000 quilómetros com um depósito.
Também gosta de desafios com outras motorizações. Num Škoda Enyaq elétrico, percorreu 730 quilómetros sem carregar, com consumo de 11 kWh/100 km. “Os elétricos estão a evoluir imenso, estou curioso para ver o que vem aí”, afirma sorridente. Num Škoda Octavia RS iV híbrido plug-in, percorreu 108 quilómetros entre Zakopane e Cracóvia consumindo apenas um litro de gasolina.
O campeão polaco é um verdadeiro exemplo, não só no desporto automóvel, mas também na condução segura e eficiente.