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CICLISMO URBANO Saiba dicas para pedalar em segurança na cidade

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Pedalar com chuva? Não tem de ser um problema

Texto: Laura Alves

Entre as pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte, é costume usar-se uma frase que resume perfeitamente a atitude dos ciclistas perante a chuva: "Não somos feitos de açúcar". Claro que em dias de condições climatéricas extremas, deve imperar o bom-senso - ninguém tem um especial gosto em ser apanhado no meio de uma tempestade. Mas não é preciso deixar de usar completamente a bicicleta durante o outono e o inverno só porque pode haver uns aguaceiros pelo caminho.

Ninguém gosta especialmente de pedalar à chuva - muito embora, pessoalmente, eu goste daqueles primeiros pingos que nos caem no rosto num dia de aguaceiros, e não me importe nada com os dias mais fresquinhos, e de sentir o ar frio na cara, farejando a liberdade e o caminho à minha frente.

Usar a bicicleta em dias chuvosos pode parecer à partida algo desconfortável, pouco prático até, mas a verdade é que já apanhei mais chuvadas inesperadas enquanto peão, ou a tentar alcançar um transporte público ou carro estacionado longe, do que ao usar a bicicleta. A estratégia é saber usar as "abertas" em nosso proveito, pedalando nos momentos em que não está a chover assim tanto, e adquirir este pedaço de informação essencial: não faz mal apanhar um pouco de chuva.

Afinal, é o açúcar que derrete com a chuva, não nós. Apanhar um bocadinho de água não é assim tão mau, e na verdade até há formas de chegarmos ao nosso destino praticamente secos.

Aqui seguem algumas dicas para ajudar a sobreviver aos aguaceiros e, quem sabe, até vir a apreciar pedalar em dias de chuva.

Roupa para ser visto e estar seco

Uma vez que a visibilidade na estrada diminui em dias de chuva, é importante escolher roupa de cores claras ou bastante visíveis à distância, de preferência, com materiais refletores. Ao mesmo tempo, a roupa a usar deve ser à prova de água, mas confortável, para que consigas pedalar normalmente sem esforço.

Um bom casaco ou capa impermeável é essencial. Contudo, não vás de imediato pelo mais barato ­- um bom casaco para pedalar à chuva deve ser impermeável, mas também feito de material respirável, pois ao fim de algum tempo irás perceber que não é boa ideia enrolares-te em "plástico" na tentativa de escapar à chuva. Ficar "encharcado" por dentro não é de todo o que se quer, e hoje em dia existem já muitas opções de roupa para a chuva que também evitam a transpiração. Em dias mais chuvosos, e se sentires que o casaco não é suficiente, umas calças impermeáveis e leves - que podes até enfiar por cima da roupa normal - são uma mais-valia para chegar perfeitamente seco ao destino.

Uma estratégia para te manteres quente e seco, mas não ficares a suar depois de uns minutos a pedalar, é vestires-te com várias camadas de roupa. Assim, além do casaco impermeável, por baixo podes usar várias peças de roupa mais finas, em vez de camisolas muito quentes e grossas, para te poderes adaptar à medida que a temperatura do teu corpo for mudando.

Eis uma dica importante para lidar com o frio: não faz mal se estiveres com um pouco de frio quando começares a pedalar. Daí a 10 minutos, após pedalares um pouco, essa sensação já terá passado. Pelo contrário, se te vestires com roupa demasiado quente logo ao início, daí a pouco tempo estarás com demasiado calor e com vontade de tirar a roupa.

Proteger os pés...

Não há nada pior do que ficar com os pés molhados e frios, e nem sempre é possível levar um par de sapatos extra na mala. Por isso, o melhor é optar logo à partida por calçado impermeável, ou pelo menos que não fiquem imediatamente molhados aos primeiros pingos (é possível impermeabilizar algum calçado). Para os mais ciosos dos pés secos, existem ainda capas impermeáveis para proteger o calçado, que não só protegem os pés, mas também os tornozelos e as calças dos salpicos de água suja da estrada.

E as mãos

O que é pior, ter os pés frios ou as mãos frias? Por experiência própria, posso dizer que nenhuma das situações é boa, mas estou em crer que é muito pior ter as mãos frias quando se anda de bicicleta. Os pés, por estarem em movimento, acabam por não arrefecer tanto mesmo quando molhados - mas as mãos facilmente ficam enregeladas, até porque estão mais em contacto com a chuva e o ar frio. E mãos enregeladas ficam menos sensíveis e podem, assim, dar azo a acidentes. Geralmente uso luvas de cada vez que ando de bicicleta, mas opto por um modelo sem dedos, só para garantir proteção nos punhos no caso de dar uma queda. Mas nos dias invernosos, o ideal é apostar numas luvas completas, impermeáveis e que mantenham as mãos secas - mas não demasiado volumosas, caso contrário podem afetar os movimentos necessários para travar e mexer nos manípulos das mudanças.

Cuidados a ter na estrada

Além das opções em termos de vestuário, há outras precauções que convém ter quando se pedala à chuva, pois não só a visibilidade é menor, como a probabilidade de se poder cair devido ao chão molhado é maior. Assim:

  • Baixar a pressão dos pneus

Além de usar pneus mais largos, se possível, com o piso molhado é melhor ter os pneus ligeiramente menos cheios, para que tenham melhor aderência ao chão.

  • Ter as luzes sempre ligadas

Caso ainda sejas daquelas pessoas que não usam luzes na bicicleta à noite... é melhor mudares depressa de atitude, dado que usar luzes é uma das coisas mais importantes quando se usa a bicicleta, para garantir que se é visto. E em tempo de chuva, ainda mais! Mesmo durante o dia, no outono e no inverno por vezes as condições de visibilidade são tão más, que vais querer ser visto a todo o custo, tanto por automóveis como por peões. Luz branca à frente, luz vermelha atrás. Não é difícil, e pode salvar-te a vida.

  • Atenção ao piso escorregadio

Com a chuva, o piso fica obviamente mais escorregadio, pelo que deves adaptar a tua condução às circunstâncias, evitando manobras e travagens que poderão fazer a bicicleta derrapar. No entanto, em meios urbanos há outras situações que merecem atenção redobrada, e em que deves estar mais atento ou mesmo abrandar: carris de elétrico, zonas com piso em laje ou mármore, tampas de esgoto, folhas secas e poças de água (podem esconder buracos no pavimento), passadeiras e linhas brancas de marcação na estrada (a tinta fica escorregadia quando molhada).

  • Protege os olhos e os equipamentos eletrónicos

Não é apenas a chuva que é um problema quando chove: a água que se acumula no chão, os detritos, a lama e a sujidade são problemas que é melhor evitar logo de antemão. Por isso, considera usar uns óculos de proteção, para impedir que alguma pedra ou detrito te fira a vista ao saltar do chão ao passares com a roda por cima.

Caso uses o smartphone ou GPS preso ao guiador, assegura-te, primeiro, de que está envolto numa capa de plástico resistente e à prova de água, e segundo, de que está bem preso, para não cair ao chão, precisamente numa poça de água. Mesmo que tenhas os aparelhos eletrónicos dentro de uma mochila ou alforge, é boa ideia colocá-los num saco de plástico ou bolsa impermeável, para o caso de apanhares uma chuvada mais forte.

Por fim, uma palavra de incentivo...

Ainda que pareça que pedalar à chuva dê muito trabalho para pouco prazer, não é bem assim. A partir do momento em que se interiorizam determinados comportamentos e equipamentos, o processo passa a ser automático. E pedalar com chuva acaba por nos capacitar para sermos melhores ciclistas em qualquer circunstância. Com o tempo tornamo-nos mais ágeis, mais confiantes e mais relaxado.

E sim, haverá o dia em que iremos sorrir ao levar com os primeiros pingos de água na cara, mas em que pedalamos um pouco mais rápido e chegamos a casa mesmo antes de cair uma borrasca. E essa é uma sensação maravilhosa.

Porque é que há menos mulheres do que homens a pedalar?

Em Portugal temos assistido a um progressivo aumento do número de mulheres ciclistas - o que resulta do próprio aumento de ciclistas de forma geral nos últimos anos. No entanto, esta é uma realidade comum a muitos outros países: há substancialmente mais homens do que mulheres a usar a bicicleta, seja como meio de transporte, seja em lazer. Porque é que isto acontece? E o que pode ser feito para incentivar as mulheres a pedalar?

De acordo com um dos últimos relatórios produzido pelo U-Shift - CERIS do Instituto Superior Técnico acerca da evolução da utilização da bicicleta, entre 2019 e 2020 houve um crescimento de 25% no número de ciclistas na cidade de Lisboa. Do total de ciclistas contabilizados, cerca de 26% são mulheres - ou seja, sensivelmente um quarto, um valor que está em consonância com o que se verifica noutras cidades europeias. Mas ainda que pareça pouco, a verdade é que o crescimento tem sido notório, pois em 2017 o número de mulheres andava somente pelos 17%.

A este crescimento não é alheio o contexto criado pela pandemia da Covid-19. Durante o confinamento houve uma acalmia generalizada do tráfego automóvel, a implementação de medidas como a criação de ciclovias pop-up e a necessidade individual de fazer mais exercício ao livre, para lidar com os efeitos psicológicos da pandemia. Tudo isto contribuiu para que mais mulheres encarassem a bicicleta como um meio de transporte viável.

No entanto, continua a ser evidente a disparidade entre a quantidade de homens e de mulheres que vemos nas ruas a usar a bicicleta. Não é que elas não gostem de pedalar: simplesmente ponderam mais os riscos, ou precisam de mais garantias.

Só em países onde a utilização da bicicleta foi largamente promovida e acompanhada de políticas de mobilidade robustas, como os Países Baixos, a Alemanha e Dinamarca, é que a utilização da bicicleta por ambos os sexos é mais equitativa, com as mulheres a representarem entre 45 a 55% das viagens de bicicleta realizadas.

As principais barreiras

É sobretudo a sensação de falta de segurança ao partilhar a estrada com os automóveis o que afasta muitas mulheres da ideia de pedalar no quotidiano. As mulheres referem mais frequentemente preocupações de segurança como razão para não usarem a bicicleta, algo que não é tão recorrente nos homens. E mesmo com políticas de mobilidade em curso, muitas cidades não conseguiram ainda avançar o suficiente nesta matéria - além de ciclovias, as medidas efetivas de acalmia de trânsito são fatores que tornam as cidades mais seguras e convidativas.

Uma olhadela superficial para a população que pedala em Portugal leva-nos a concluir que a grande maioria dos ciclistas urbanos são homens em idade ativa, uns "heróis" de grande coragem capazes de enfrentar o trânsito. Embora não seja sempre assim, é verdade que mulheres, crianças e idosos, perante a falta de infraestruturas adequadas, ciclovias ou medidas que permitam percursos mais seguros, acabam por não arriscar tanto, tornando-se mais facilmente peões do que ciclistas.

Por outro lado, muitas mulheres, sobrecarregadas com as responsabilidades do quotidiano - ir buscar os filhos à escola, ir às compras, entre outras tarefas ­- concluem ainda antes de tentarem que a bicicleta não é para si, achando que não será prática, dado que precisam de fazer percursos com muitas paragens. Algo que seria facilmente resolvido, ainda assim, com redes de ciclovias que interligassem em segurança as zonas escolares e de comércio.

A bicicleta não é só para atletas

Mas a menor apetência do sexo feminino para usar a bicicleta tem a ver com muitos fatores, não só a segurança. É, também, uma questão cultural.

Desde a invenção da bicicleta que as mulheres têm ficado sempre para trás no que toca a seu uso, impedidas de pedalar principalmente pelas roupas pouco práticas e pela "moral e bons costumes". E mesmo hoje, em que não só as mulheres usam calças há décadas, como podem perfeitamente usar a bicicleta onde e quando bem quiserem sem que ninguém se sinta ofendido, existem ainda fortes empecilhos sociais e psicológicos.

Pode-se pregar a igualdade a todos os níveis em teoria, mas pensemos: quantos pais e mães incentivam ainda as suas filhas a brincarem com bonecas, enquanto encorajam os rapazes a serem aventureiros com a bicicleta? Se recuarmos até às décadas de 1980 e 90, vamos encontrar muitas crianças do sexo feminino, hoje mulheres adultas, que nem sequer foram ensinadas a andar de bicicleta, ao contrário dos seus pares masculinos.

Mas mesmo quando essa questão - o saber andar de bicicleta ­- não se coloca, a verdade é que no geral as mulheres mostram-se menos propensas a escolher a bicicleta como meio de transporte. Sucede que as mulheres são ainda mais facilmente julgadas pela sua aparência do que os homens, e a perceção geral da sociedade é que andar de bicicleta é uma atividade que envolve suor, esforço, equipamentos complexos e um ar desmazelado. E poucas mulheres querem chegar ao local de trabalho, ir às compras ou buscar os filhos à escola com ar de quem fez a Volta a Portugal.

Ou seja, a representação mental do "ciclista" ainda é imediatamente associada ao desporto e ao esforço, algo que desmotiva logo à partida muitas mulheres, quando o que elas procuram é um meio de transporte seguro e eficiente. Claro que, quando percebem que não tem de ser assim, que usar a bicicleta como meio de transporte não tem de envolver "suor, esforço, equipamentos complexos e um ar desmazelado", é ultrapassada uma importante barreira. E, comprovadamente, quanto mais representatividade houver, quantas mais mulheres virmos a pedalar no dia a dia, mais lhes seguirão o exemplo.

Mais confiança e mais segurança

A confiança é, por isso, a principal competência que falta a muitas mulheres, e algo que se observa mais naturalmente no sexo masculino - seja porque os rapazes/homens obtêm validação social mais facilmente, seja porque nas lojas, oficinas e fóruns muitas vezes cria-se um ambiente de conversa "geek" da qual muitas mulheres se sentem excluídas.

Daí que seja importante que as mulheres falem com outras mulheres ciclistas quando o assunto é começar a pedalar no quotidiano ­- não numa lógica de segregação dos sexos, mas sim numa lógica de identificação e de partilha de experiências, dificuldades ou necessidades que, por vezes, não são imediatamente reconhecidas pelos companheiros ciclistas do sexo masculino.

Ao mesmo tempo, as políticas de mobilidade têm de ser pensadas também em função das mulheres. Não basta ter infraestruturas, não é suficiente ter quilómetros e quilómetros de ciclovia, se estas não transmitirem segurança às mulheres nos seus percursos, ou se não permitirem fazer percursos lineares casa-trabalho-escolas-zonas comerciais.

Diz-se que um bom indicador de segurança no que toca à mobilidade de uma cidade é quando se vê uma mulher a transportar os seus filhos de bicicleta. De facto, a simples existência de mulheres a pedalar dá pistas quanto à segurança nesta matéria, como confirma a APBP - Association for Pedestrian and Bicycle Professionals: «Entende-se que as mulheres são catalisadoras de um design seguro para peões e bicicletas, portanto, as mulheres que usam a bicicleta ajudam a melhorar a qualidade de vida de um determinado lugar».

 

COMO TRANSPORTAR TUDO O QUE PRECISAS NA BICICLETA

Quando usamos a bicicleta para um simples passeio de fim de semana, para treinar ou fazer um trilho de BTT, raramente nos preocupamos em levar connosco algo mais do que uma garrafa de água. Contudo, se queremos dar o próximo passo e passar a usar a bicicleta como meio habitual de transporte, impõe-se pensar em como levar connosco todos os objetos de que precisamos no dia a dia. Ou qual a melhor forma de carregar as compras do supermercado sem perder o equilíbrio nem deixar cair os ovos ao chão.

Pergunte-se a qualquer pessoa que usa a bicicleta diariamente como meio de transporte, e dir-nos-á que não há melhor forma de começar e acabar o dia - nos meios urbanos é um meio de transporte eficaz, não poluente, rápido e, sobretudo, mais divertido do que estar preso no trânsito. Contudo, há um desafio que pode ser um entrave para muitas pessoas, levando-as a não ponderar a bicicleta nas suas opções de deslocação: a necessidade de transportar coisas. E todos os dias precisamos de transportar um sem número de coisas, desde o computador e outro material de trabalho, o almoço, o equipamento de ginástica, as compras para o jantar dessa noite, etc., etc. As dúvidas atravessam-nos a mente: como levo as coisas comigo sem que nada se parta? Não vou ficar com dores se transportar 5 quilos de fruta e legumes às costas? E se chove, vou ficar com o computador arruinado? Qual é limite do que posso transportar de bicicleta? Vamos abordar uma questão de cada vez. E falarei também um pouco da minha própria experiência a transportar os objetos comuns do dia a dia sem grandes complicações nem canseiras.

Avaliar o que precisamos de transportar e com que frequência

Antes de mais, devemos fazer uma avaliação rápida daquilo que precisamos mesmo de carregar connosco diariamente. Para a maioria das coisas que necessitamos - uma mala ou bolsa com os documentos, o telemóvel, as chaves de casa… - um cesto dianteiro serve perfeitamente. Contudo, se estamos a falar de objetos mais volumosos, como um computador portátil ou a roupa para ir ao ginásio, talvez seja mais eficaz adquirir um alforge. De evitar é circular no trânsito com sacos pendurados no guiador, pois além de não oferecerem grande proteção ao que quer que seja que estás a transportar, facilmente provocam um desequilíbrio e podem levar a acidentes indesejados. O volume e o peso da carga irão determinar o tipo de equipamento de que precisas, e a frequência com que precisas de transportar carga determina o quão versátil e resistente deve ser esse equipamento. Existem várias opções, que até podem ser usadas em conjunto, mas na maioria das vezes basta uma delas. Keep it simple.

Mochilas

A grande maioria das pessoas usa simplesmente uma mochila para levar as coisas de que precisa, dado que é fácil de usar e de levar connosco para todo o lado quando chegamos ao nosso destino. E em percursos não muito longos, mesmo que a mochila vá um pouco pesada, facilmente damos conta do recado. Pessoalmente, não gosto de usar mochila às costas, por muito leve que esta esteja. Primeiro, porque gosto de sentir as costas e os braços livres quando pedalo, e segundo, porque mesmo com uma mochila leve e em percursos que não implicam esforço, acontece-me sempre aquela situação desagradável de ficar com a roupa suada e engelhada (eu tenho um problema de base com o calor, é mesmo caso para dizer que sou eu, não é a mochila...). Contudo, as mochilas e os chamados sacos de mensageiro, muito usados por estafetas, são boas opções para transportar coisas de forma descomplicada, e existem muitos modelos extremamente versáteis, que até podem também ser fixados num porta-carga à laia de alforge. Optar por um modelo impermeável e com alças confortáveis será sempre uma boa opção.

Bolsas de guiador ou selim

Para quem não gosta de ter coisas presas ao corpo, e na verdade não precisa de transportar muita coisa consigo, uma boa opção pode ser usar uma bolsa para prender ao guiador ou ao espigão do selim. É suficiente para levar a carteira, as chaves de casa, o telemóvel, um casaco impermeável para o caso de chover, e até ferramentas básicas e uma câmara de ar suplente para o caso de haver um furo. Existem bolsas de vários tamanhos, e com capacidade até 5 litros. Mas a partir do momento em que já não consegues colocar mais nada na bolsa, é melhor passar para a fase seguinte: o alforge.

Cestos frontais ou traseiros

É uma imagem clássica, a da bicicleta com um cesto dianteiro, onde simplesmente colocamos a mala ou os sacos de compras. Existem cestos de todos os géneros, dos mais básicos de metal aos artesanais e mais bonitinhos, feitos de vime. Depende, claro está, do gosto de cada um e do tipo de bicicleta que se usa. Em todo o caso, convém sempre que o modelo escolhido tenha alguma profundidade, para que os objetos lá colocados não saltem para fora ao mínimo impacto. Será sempre útil usar umas fitas ou elásticos próprios para melhor prender a carga, porque não só algo que caia ao chão pode ficar danificado, como há maior probabilidade de teres um acidente se descurares a condução da bicicleta para tentar apanhar o que quer que esteja a cair. É de evitar, contudo, carregar coisas muito pesadas num cesto dianteiro, pois tal pode comprometer o equilíbrio. Idealmente, carga mais pesada deve ser colocada num cesto traseiro. Cuidado também para que as luzes continuem a estar visíveis após a instalação de um cesto. Apesar de considerar os cestos dianteiros uma forma prática de transportar coisas, não costumo usar este sistema, pois os cestos tapam de certa forma a visão da estrada, e tenho por hábito estar sempre atenta aos locais onde a roda da bicicleta passa. Já com os cestos traseiros não existe esse problema. Para instalar um cesto traseiro será necessário montar antes um porta-cargas.

Porta-cargas

É um equipamento fundamental para transportar carga na parte de trás da bicicleta, seja em alforges ou num cesto traseiro, ou simplesmente presa com elásticos adequados. Existem porta-cargas de diferentes materiais e com capacidade de aguentar mais ou menos peso, e são geralmente fáceis de instalar. Contudo, nem todas as bicicletas permitem fixar porta-cargas, pois é necessário que o quadro tenha a devida furação para aí aparafusar a estrutura. Depois de ter o porta-cargas instalado, o céu é o limite. Dependendo do que vais transportar, muitas vezes nem precisas de usar alforges ou cestos, bastando elásticos com ganchos adequados e devidamente colocados para prender a carga (uma caixa, por exemplo, pode perfeitamente ser transportada de bicicleta apenas recorrendo a presilhas e elásticos resistentes).

Alforges

Existem de todos os feitios e tamanhos, para todos os gostos, feitos de tecido ou lona, e com as mais diversas formas de fixação ao porta-cargas. Um ou dois bons alforges servem para transportar praticamente tudo, e se forem de um material impermeável, aguentam uma chuvada sem colocar em risco os teus pertences. E isto é extremamente importante se estivermos a falar, por exemplo, de um computador, uma máquina fotográfica ou livros e documentos de papel. Se a tua carga for preciosa a este ponto, assegura-te de que os teus alforges são completamente estanques. Caso não sejam, ou não tenhas a certeza, em dias de chuva o ideal é colocar os objetos dentro de sacos de plástico antes de os acondicionar no alforge. Confesso, sou fã de alforges. Antes de mais porque, como já referi, não gosto nada de transportar coisas às costas. E depois, porque o facto de levar a carga na parte de trás da bicicleta permite uma grande liberdade de movimentos. Nas deslocações citadinas, uso geralmente um alforge que é na verdade um grande e vistoso saco de lona, com uma fita refletora, e que se fecha enrolando-se sobre si próprio e depois com uma fivela de encaixe. Prende-se ao porta-cargas com presilhas de velcro, e até hoje não me deixou ficar mal, tanto a transportar a minha principal ferramenta de trabalho (o computador) como as compras do supermercado - sacos de areia de gato incluídos.

Cordas, elásticos e redes 

No caso de se transportar carga em cestos, é útil ter à mão uma rede elástica, para evitar que os objetos saiam projetados numa travagem mais brusca ou numa queda. Pode parecer um excesso de zelo, mas não é. Como em tudo na vida, mais vale prevenir do que remediar. Devemos ter sempre à mão uma variedade de cabos elásticos, fitas com presilhas e redes, que é possível adquirir na maioria das lojas de artigos desportivos. Estes permitem prender praticamente tudo ao cesto ou ao porta-cargas de uma bicicleta, para nos deslocarmos em segurança sem que nada nos caia pelo caminho. Nem um só ovo partido, é o objetivo!

ESCOLHER E CUIDAR DE UMA BICICLETA QUANDO O ORÇAMENTO É PEQUENO

É verdade que é perfeitamente possível gastar uma pequena fortuna quando se adquire uma profunda paixão pelo ciclismo. Da bicicleta aos acessórios, facilmente se perde a cabeça numa loja de bicicletas. Contudo, há também formas de contornar os custos e sentir na mesma todo o prazer de pedalar. Andar de bicicleta é algo que está acessível a todos, independentemente do tamanho da carteira, por isso aqui ficam algumas dicas para que possas pedalar em segurança sem gastares todas as tuas poupanças.

Quer sejas novato no mundo das bicicletas, à procura de uma opção em conta, quer pretendas agora aventurar-te a pedalar pela primeira vez, mas não sabes se dispões do orçamento para adquirir uma boa bicicleta, muitas vezes a melhor estratégia é "começar pequeno" - ou seja investir numa bicicleta mais modesta, até perceberes se é aquele tipo de modelo que melhor satisfaz as tuas necessidades. E porque não começar com uma bicicleta em segunda mão?

Como comprar uma bicicleta em segunda mão

Tal como com outras coisas na vida, também no caso das bicicletas temos aquilo pelo qual pagamos. Mas nem sempre podemos pagar aquilo que desejamos realmente, pelo que temos de trabalhar com os recursos ao nosso alcance. Se desejas colocar as mãos num modelo reluzente e acabado de sair da loja, conta gastar pelo menos 250 ou 300 euros. Isto será o mínimo por um modelo aceitável e confortável para o dia-a-dia. No caso das bicicletas usadas, por outro lado, há um pouco mais de margem de manobra se souberes aquilo que procuras e, sobretudo, aquilo que deves evitar. Para fazer aquisições económicas, mas que sejam também boas escolhas, eis o que deves considerar ao pesquisar o mercado das bicicletas em segunda mão:

1. Faz uma avaliação de qual o tipo de bicicleta que necessitas ou preferes antes de começares a fazer licitações. É sempre bom perceber de antemão que tipo de utilização irás dar à bicicleta, qual o tipo de piso em que irás andar com mais frequência e se costumas ou não transportar carga. Deverás também determinar qual o tamanho da bicicleta ideal para ti, medindo o interior da tua perna - encontras facilmente online tabelas com as correspondências de tamanhos. Saber ao certo quais são as tuas necessidades evita que compres algo por impulso só porque é barato, mas que depois não te serve de algum modo.

2. Se fizeres pesquisas em sites de vendas online, observa as fotografias muito cuidadosamente. Tenta perceber se a bicicleta apresenta sinais de estar há muito tempo no exterior (como ferrugem) ou danos significativos no quadro.

3. Toma nota da marcas e modelos das bicicletas em que possas estar interessado. Se não estiveres familiarizado com uma determinada marca, faz uma pesquisa rápida para perceber o que outras pessoas dizem, que experiências tiveram com essa marca, etc. Se chegares à conclusão de que a bicicleta terá sido comprada num supermercado e que os componentes são de fraca qualidade, continua à procura.

Cuidado com os sinais de alerta

Uma bicicleta bastante usada pode ainda ter bastantes anos de vida pela frente e muitos quilómetros para percorrer, mas o preço e as expectativas nela depositadas devem corresponder ao estado em que se encontra. Ao inspecionar a bicicleta ao vivo, faz uma avaliação atenta:

1. Aos travões. Verifica se funcionam corretamente e se estão afinados (ao pressionar as manetes, deve sempre haver algum espaço entre elas e o guiador, mesmo apertando com força).

2. Às rodas. Estas devem rodar livremente, sem roçarem nas pastilhas dos travões. Levanta a bicicleta e faz girar as rodas, uma de cada vez, para verificar se não estão empenadas.

3. Às mudanças. Ao usar o seletor de mudanças, estas devem alternar suavemente.

4. Aos ruídos. Se possível, anda um pouco com a bicicleta para perceber se existe algum ruído estranho a vir da pedaleira ou de qualquer outra parte quando pedalas.

Lembra-te que, apesar de a maioria dos problemas ligeiros se resolver facilmente com uma afinação, uma bicicleta usada pode necessitar de novos componentes, e dessa forma acabar por custar mais do que se comprasses uma bicicleta nova.

Aprende a cuidar da tua bicicleta

Depois de te decidires e adquirires uma bicicleta usada, a melhor forma de poupar dinheiro a longo prazo é ir fazendo a devida manutenção. Será sem dúvida útil aprenderes a fazer algumas coisas básicas que irão prolongar a vida aos componentes, como olear a corrente e limpar a bicicleta de forma geral. Para operações mais complexas, como afinar mudanças ou alinhar a direção, podes e deves recorrer a uma oficina especializada. Não adies a resolução de algum pequeno problema que possas detetar, porque sem a devida atenção esse pequeno problema pode transformar-se um problema grave, e até colocar em causa a tua segurança.

Não subestimes os acessórios económicos

Se o teu objetivo é fazer viagens mais longas ou usar a bicicleta para treinar, precisarás de equipamento específico. Claro que o preço de alguns equipamentos pode ser assustador para os iniciantes, mas também é verdade que não precisas de investir logo em equipamento topo de gama. É possível adquirir peças razoáveis e a preços acessíveis, quer para viagem, quer para treino desportivo, em diversas lojas e cadeias de supermercados. Não serão equipamentos para durar uma vida, mas servirão perfeitamente para as primeiras experiências de viagem ou de treino. E depois, com o passar do tempo, poderás ir adquirindo esta ou aquela peça topo de gama.

Não poupes no cadeado nem nos pneus

Caso pretendas usar a bicicleta como meio de transporte no dia-a-dia, há alguns pontos em que vale a pena fazer algum investimento, e gastar um pouco mais. Nomeadamente, um bom cadeado. Aqui não aconselhamos a ir pelo mais barato, pois um bom cadeado irá garantir-te alguma paz de espírito e impedir que a bicicleta seja roubada - ou, pelo menos, irá dar mais luta e desincentivar eventuais roubos de ocasião. Adquire um cadeado tipo U-lock e um cabo extra para prender as rodas. Uns pneus de qualidade são também algo a considerar, especialmente uns reforçados que sejam mais resistentes a furos. A longo prazo, irão na verdade fazer-te poupar dinheiro, pois evitam que andes sempre a trocar de pneus por estarem gastos ou estragados.

Envolve-te na comunidade

Outra boa forma de poupar dinheiro no teu processo de pedalar dentro do orçamento é envolveres-te com a comunidade de ciclistas da vila ou cidade onde resides. As lojas e oficinas, bem como grupos informais ligados à bicicleta que possam existir, organizam por vezes workshops e eventos, nos quais podes não só conseguir boas pechinchas, como também descobrir truques e estratégias para cuidares tu próprio da tua bicicleta, sem gastar muito dinheiro. Além de que, geralmente, os ciclistas mais experientes adoram partilhar os seus conhecimentos e sabedoria com os novatos! Aproveita bem essas oportunidades. 

AS COISAS QUE OS CICLISTAS FAZEM NA ESTRADA QUE MAIS IRRITAM OS AUTOMOBILISTAS

Passar sinais vermelhos, circular no meio da via, não usar capacete, andar em pares... Será que os ciclistas só fazem isso para irritar? Ou será que por vezes há uma razão válida para esse comportamento? Vamos olhar mais de perto para alguns comportamentos que, embora possam parecer insensatos aos automobilistas, não o são necessariamente.

Apesar de, por norma, a convivência na estrada entre automobilistas e ciclistas ser saudável e de respeito mútuo - como devem ser todas as relações entre veículos na estrada - a verdade é que nem sempre é assim. Muitos condutores sofrem da chamada "road rage", a raiva ao volante, que é provocada por muitos fatores: stress, cansaço, irritação com o trânsito, etc.

E pode acontecer que a presença de um ciclista, especialmente um que por alguma razão não "cumpra as normas", por vezes contribua para exacerbar esse sentimento de raiva ao volante. O que, naturalmente, não é de modo algum positivo nem desejável. Um condutor que se deixe levar pelas emoções nem sempre privilegia uma condução responsável, podendo colocar a vida de outros em causa.

Existem, portanto, alguns comportamentos que um ciclista pode ter quando conduz a sua bicicleta no meio do trânsito que, por alguma razão, parecem ter o efeito de irritar os automobilistas. Porque é que isto acontece? Não é que os ciclistas em si tenham algo que os torne intrinsecamente irritantes ou ameaçadores para os automobilistas. Na verdade, a maioria quer apenas chegar ao seu destino em segurança, sem sofrer qualquer percalço.

Só que muitos automobilistas acreditam que os ciclistas, pedalando alegremente nas suas bicicletas e furando o trânsito, estão de algum modo a infringir a ordem e a hierarquia a que se habituarem na estrada. É algo cultural: na estrada, é o maior e o mais forte que tem o poder, e é desconcertante quando aparece um elemento mais pequeno e fraco a fazer o que lhe apetece. O que muitos automobilistas não se apercebem é que, muitas vezes, o que lhes apetece - aos ciclistas - nem sempre está errado. Vejamos algumas situações.

Conduzir a bicicleta no meio da via

É recomendável que um ciclista não circule demasiado encostado à berma ou aos passeios, pois isso pode potenciar acidentes ou quedas, no caso de existirem detritos ou buracos nas bermas. Assim, o mais seguro é circular no meio da via, o que permite uma boa visibilidade da estrada e, sobretudo, faz com que o ciclista seja visível aos outros. No caso de um carro querer ultrapassar, o facto de o ciclista ir no meio da via faz com que a ultrapassagem seja feita de forma correta (passando para a outra via) e dando a devida distância.

Circular na estrada em vez de usar a ciclovia

Na verdade, o uso das ciclovias, quando estas existem, é opcional. De acordo com o Código da Estrada, os ciclistas devem usar preferencialmente as vias que lhes são destinadas. Mas não é obrigatório que as usem. E esta é uma das coisas que mais confusão faz a muitos automobilistas: se têm uma ciclovia, porque não a usam? Bem, simplesmente porque muitas vezes as ciclovias não estão interligadas entre si, obrigando a fazer determinados troços pela estrada. Ou porque algumas ciclovias não foram bem desenhadas ou construídas, apresentando obstáculos e "armadilhas" que tornam o percurso inseguro. Ou, ainda, porque alguns ciclistas pretendem pedalar mais rapidamente do que seria desejável na ciclovia, onde pode haver idosos e crianças e pessoas com menos agilidade no uso da bicicleta.

Não usar capacete

Na verdade, o uso do capacete não é obrigatório. E isso é algo que desconcerta muitas pessoas, porque veem no capacete o expoente máximo da segurança. Claro que muitos ciclistas escolhem usar capacete, pois acreditam que esse acessório os pode proteger no caso de uma queda ou acidente. E sim, é verdade que pode. Mas os benefícios e as desvantagens de se usar capacete são questões que não geram consenso, nem mesmo entre os ciclistas. Trata-se de uma escolha, e muitos outros ciclistas optam por não usar capacete, privilegiando a segurança através de uma condução responsável e defensiva.

Passar sinais vermelhos

Provavelmente, este é o comportamento que mais irrita os automobilistas, levando-os a achar que todos os ciclistas são anarquistas sem respeito pelas leis da estrada. Antes de mais, nem todos os ciclistas se comportam da mesma forma, e por cada ciclista inconsequente há seguramente dois ou três que cumprem todas as regras. É importante ter isso em mente, porque fazer generalizações raramente é saudável. Mas mesmo os ciclistas que passam semáforos vermelhos podem ter diferentes motivações. Há de facto quem o faça por uma questão de segurança, e avaliando devidamente o risco de o fazer. Por vezes, passar o sinal antes de os carros arrancarem garante uma zona de segurança às bicicletas, evitando assim colisões devido ao arranque repentino e aceleração dos automóveis.

 

Andar em pares ou em grupos

Esta é uma situação que geralmente causa alguma irritação a muitos automobilistas, especialmente quando pretendem fazer uma ultrapassagem. Na verdade, está previsto no Código da Estrada que os velocípedes possam circular paralelamente, exceto em vias com visibilidade reduzida, e desde que não circulem em paralelo mais que duas bicicletas e tal não cause perigo ou embaraço ao trânsito. Na verdade, dois ciclistas que circulem lado a lado não ocupam mais espaço do que um carro, pelo que não é muito diferente do que quando se pretende ultrapassar outro automóvel. No caso de um grupo maior de ciclistas, em fila indiana, a ultrapassagem pode de facto ser mais complexa e demorada, pelo que é recomendável que tanto ciclistas como automobilistas comuniquem e facilitem a vida uns aos outros, sem animosidades.

6 TRUQUES PARA ANDAR DE BICICLETA NO MEIO DO TRÂNSITO

Andar de bicicleta no meio do trânsito é um desafio, e há dias mais atribulados do que outros. Mas se tivermos em conta algumas normas de conduta básicas, não há razão nenhuma para ter receio. Mais do que regras, toma nota destas atitudes.1. A posição ideal: no meio da via e longe das bermas Conduzir demasiado perto das bermas é perigoso, porque é aí que geralmente se encontra com mais facilidade todo o tipo de detritos, tampas de esgoto desniveladas ou escorregadias, e claro, buracos. Embora o Código da Estrada diga que deves conduzir a bicicleta pelo lado direito da via de trânsito, isso não significa que seja tão à direita que possas colocar em causa a tua segurança. Assim, circula mais ou menos a meio da via, a fim de evitar surpresas desagradáveis. Desta forma, também farás com que os automobilistas que te pretendem ultrapassar o façam de forma segura - ou seja, passando para a outra via para te ultrapassar, e não fazendo ultrapassagens demasiado rasantes, que te podem fazer perder o equilíbrio.

2. Tem noção do que te rodeia Aprende a observar com antecedência o espaço à tua volta e a detetar qualquer objeto que possa cruzar-se na tua trajetória. Estamos a falar, por exemplo, de sinalizadores de obras, pedras soltas de calçada ou buracos na estrada, mas também de crianças, animais ou peões distraídos que se possam atravessar à tua frente. Se não estiveres atento, colidir com algum destes pode ter sérias consequências. Mesmo quando vais relaxado, numa pedalada lenta, deves manter-te alerta. Cuidado também com as portas de carros que se abrem repentinamente. Um condutor que estacionou pode não se aperceber da tua presença, por isso é importante antecipar se a pessoa dentro do carro pode abrir uma porta de repente. Mais uma razão para circulares no meio da via.

3. Aprende a antecipar Circular de bicicleta pela cidade é fácil, a partir do momento em que se percebe aquilo que os outros utilizadores da estrada irão fazer. É por isso que os entendidos dizem que os melhores ciclistas sabem conduzir um carro, e os melhores automobilistas sabem conduzir uma bicicleta, porque antecipam as intenções e necessidades das outras pessoas na estrada. Assim, pode-se prever com algum avanço se o carro à nossa frente vai fazer uma travagem a fundo, ou fazer uma viragem súbita para não colidir com um peão ou um carro num cruzamento.

4. Torna claras as tuas intenções Sê o mais previsível possível. Isso dará aos automobilistas a possibilidade de te contornarem em segurança se tal for necessário. Mantém a tua condução consistente e não faças mudanças bruscas de direção; sinaliza atempadamente todas as viragens. Meteres-te num espaço apertado no meio de dois carros pode poupar-te alguns segundos, mas pode também custar-te a vida se algo correr mal, pelo que deves evitar fazê-lo - algum condutor pode não se aperceber da tua presença e abalroar-te. É fácil passares despercebido no meio de trânsito intenso, por isso certifica-te de que estás sempre visível, em todos os momentos.

5. Faz contacto visual com os outros condutores Antes de mais, os automobilistas também são pessoas. Por vezes há a tendência de os vermos como inimigos, que querem a estrada só para si a todo o custo. Mas não é necessariamente assim. Atrás do volante há mães e pais e muitas pessoas bondosas, e mesmo que por vezes possam cometer algum erro, a maior parte não tem nada contra ti nem nenhum razão para te querer fazer mal. Procura comunicar com os outros condutores fazendo contacto visual e faz com que reconheçam a tua presença. Se quiseres ser um pouco mais amigável, sorri ou pisca-lhes o olho quando estiverem parados num semáforo, por exemplo, para que percebam que podem partilhar a estrada de forma pacífica.

6. Mantém-te longe dos camiões Nunca tentes ultrapassar um camião, uma vez que eles são enormes e têm demasiados ângulos cegos. Mesmo que te depares com um camião parado, este pode começar a mover-se assim que um sinal fica verde. E se algum camião parar ao passar por ti, por causa de um semáforo, por exemplo, procura passar para a frente dele, certificando-te de que o motorista te vê. Em todo o caso, nunca te aproximes muito - o tamanho aqui ainda conta, e não vais querer disputar espaço com um peso pesado. Mas claro, se um motorista procede de forma errada, colocando-te em perigo, deves alertá-lo, para que não se repita.

 

DEMASIADO FRIO PARA PEDALAR? NÃO HÁ PROBLEMA!

Um dos principais obstáculos ao uso da bicicleta durante o inverno - pelo menos psicologicamente - é o frio. Sair do conforto do lar e, de modo voluntário, pedalar uns quantos quilómetros com temperaturas nada convidativas, até chegar ao trabalho, não é para todos. Mas... e porque não? Surpreendentemente, os dias mais frios até podem ser os melhores para pedalar. Eis como te deves preparar.

Se costumas colocar a bicicleta de lado durante os meses de inverno, talvez estejas a perder uma das melhores alturas para pedalar. Claro que os dias estão mais curtos, anoitece muito mais cedo, e o frio e a chuva são fatores de desmotivação. Mas os dias de inverno podem também ser maravilhosos para andar de bicicleta. Antes de mais, porque se excetuarmos os dias em que a chuva torna as viagens de facto desagradáveis, os dias frios e luminosos de inverno são realmente bonitos. E há algo de triunfante que se apodera de um ciclista quando inicia o seu caminho e sente o ar fresco na cara. É verdade que os teus colegas de trabalho irão achar que não estás bem da cabeça, naquelas manhãs em que o termómetro marca 5º e tu chegas ao escritório com um grande sorriso. Mas, como em breve irás perceber, quando se está devidamente equipado, o próprio ato de pedalar irá fazer com que se sinta menos o frio. Claro que ajuda viver-se num país como Portugal, onde os invernos não são muito rigorosos, e onde apenas neva em algumas regiões. Na maioria das cidades e vilas, é perfeitamente possível usar a bicicleta como meio de transporte, mesmo nos dias mais frios.

Veste-te por camadas

É um erro achar que para andar de bicicleta ao frio é necessário vestir roupa como se fosses esquiar para a Serra da Estrela. Para já, porque casacos e calças demasiado volumosos prendem os movimentos - algo que não é recomendável quando se pedala no meio do trânsito. E depois, porque como se percebe ao fim de cinco minutos a pedalar, roupa demasiado quente torna-se... demasiado quente. É suposto que sintas um pouco de frio antes de montar na bicicleta, pois o próprio ato de pedalar, mesmo que a um ritmo lento, irá proporcionar ao teu corpo o calor de que precisa. Ou seja, se estiveres demasiado agasalhado, em breve irás começar a suar. A melhor forma de enfrentar o frio em cima da bicicleta é estar vestido em camadas: camisolas interiores de algodão e depois uma camisola e um casaco de lã ou algodão, que são ao mesmo tempo quentes, leves e respiráveis. Usando camadas finas, podes ir tirando uma ou mais peças de roupa se necessário, guardar no alforge ou mochila, e continuar caminho. Como última camada exterior, um corta-vento ou impermeável, se o tempo estiver chuvoso.

Usa acessórios e complementos

Manter o corpo quente parece fácil mas... e as extremidades? As mãos são, seguramente, a parte do corpo que mais sofre com o frio, uma vez que estão na linha da frente, a segurar no guiador e a levar com o primeiro impacto térmico. Por isso, umas boas luvas são essenciais - até porque além de protegerem do frio, são uma proteção em caso de queda. É importante que sejam luvas que permitam movimentar os dedos. Opta por luvas com várias camadas interiores, que permitam manter as mãos quentes, mas finas o suficiente para manter a sensibilidade das mãos. Outras peças de vestuário que podem ser de grande utilidade, enquanto complemento térmico, são collants, leggings ou mesmo uma versão mais moderna das chamadas ceroulas masculinas. Podes rir-te com a imagem, mas irás dar o devido valor quando numa manhã fria de inverno tiveres uma camada extra de tecido quentinho a envolver as tuas pernas. De resto, usa os acessórios com que te sentires mais protegido/a e confortável: lenços ou cachecóis em torno do pescoço, chapéus e gorros na cabeça (existem também gorros finos que podes usar por baixo do capacete). Mas sempre com a segurança em mente - evita lenços ou cachecóis compridos ou soltos, que possam voar com o vento e distrair-te da estrada ou, pior, prender-se nas rodas. O mesmo com os gorros e chapéus: certifica-te de que vão bem presos na cabeça.

Calça meias e calçado adequado

Os pés são outras partes o corpo que facilmente enregelam em dias mais frios. Claro que ao fim de umas pedaladas, é provável que estes aqueçam, mas nada como optar desde logo por meias quentes e calçado que, além de quente, seja confortável. Idealmente, que cubra os tornozelos. Podes levar um par de meias extra na mala, para o caso de sentires necessidade.

Por último...

...não desmotives. Com a roupa certa, o ar frio passará a ser um pormenor. Em breve serás capaz de apreciar os pequenos prazeres de pedalar numa manhã ou noite fria de inverno, sentindo o cheiro que vem de uma banca de castanhas assadas ou, se viveres no campo, das lareiras das casas em redor. Ah, e também é boa ideia levares contigo um termos com chá ou café quentinho.

MAIS E MELHOR MOBILIDADE: O QUE ANDA A MUDAR EM LISBOA

A pandemia mudou os nosso comportamentos do dia-a-dia, mas criou também a oportunidade de se repensar a mobilidade nas grandes cidades. A prova é que a procura de bicicletas disparou a nível mundial, dado que é um meio de transporte individual barato, eficaz e saudável. Portugal não é exceção e um pouco por todo o país os municípios têm dinamizado a mais diversas formas de incentivar o uso da bicicleta. Vamos ver o que tem sido feito em Lisboa.

Já por aqui falámos das ciclovias pop-up, vias cicláveis que têm vindo a ser criadas de forma rápida e sem necessidade de grande investimento. Tudo, numa lógica de criar mais condições para quem já anda e para quem quer passar a andar de bicicleta de uma forma mais segura. Em Lisboa, a ciclovia pop-up da avenida Almirante Reis é uma das mais marcantes, dado que se trata de um importante eixo da cidade, e que não está isenta de alguma polémica - as opiniões dos automobilistas nem sempre são favoráveis ou tolerantes às formas de mobilidade alternativa, mas vamos torcer para que isso mude a curto prazo. Uma das últimas novidades na zona envolvente a esta ciclovia é a criação de parqueamentos de bicicletas, algo que estava a faltar para dar ainda melhores condições aos ciclistas. Em alguns pontos estratégicos, a EMEL Empresa de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa, instalou estruturas metálicas com a forma de automóveis, mas que na verdade escondem suportes para parquear bicicletas. Uma ilusão de ótica que garante aos ciclistas um espaço prático, seguro e também com muito estilo para estacionarem as suas bicicletas. E que bonitos são, não acham?

Apoios para comprar bicicletas

Outra das grandes novidades para quem reside no município de Lisboa é o apoio da autarquia para a aquisição de bicicletas. Através de parcerias com diversas lojas de bicicletas aderentes, a câmara municipal financia a compra de bicicletas até ao limite de 50% do valor de aquisição. Mas atenção, que apenas podem usufruir deste programa pessoas singulares, não empresas, sendo o financiamento máximo de:

  • Até 100€ para bicicletas convencionais;
  • Até 350€ para bicicletas elétricas;
  • Até 500€ para bicicletas de carga.

Uma vez que esta iniciativa tem como objetivo incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte, estão excluídas as bicicletas destinadas a uso desportivo.

Para obteres todas as informações e saberes como te podes candidatar a este apoio, consulta a página da Câmara Municipal de Lisboa: https://www.lisboa.pt/programa-de-apoio-aquisicao-de-bicicletas

10 DICAS PARA TORNAR O PERCURSO DIÁRIO DE BICICLETA NUM PRAZER

Costumas ir de bicicleta para o trabalho? Ou já pensaste nisso, mas ainda não deste o passo necessário? Sentir entusiamo nem sempre basta. Mesmo os ciclistas habituais se deparam por vezes com alguns percalços que lhes causam algum aborrecimento nos percursos diários. Vamos ver como podemos contornar os pequenos obstáculos e tirar o melhor partido da viagem, para chegarmos sempre sorridentes ao nosso destino.

Escolhe a bicicleta de acordo com o objetivo, não o design

Não é mentira nenhuma que os olhos também comem. Todos ficamos com os olhos a brilhar quando vemos bicicletas com um design espetacular. E por vezes tentamos ir buscar motivação para pedalar adquirindo uma bicicleta como a que sonhávamos ter em criança. No entanto, assim que se dá a primeira volta pela cidade, o entusiasmo esvai-se. Talvez aquela bonita bicicleta acabada de sair da loja não tenha mudanças adequadas ao percurso que queremos fazer, talvez seja desconfortável para andar em ruas de empedrado, ou não venha equipada com guarda-lamas, o que é uma chatice quando chove. Cada tipo de bicicleta serve um propósito, e as viagens diárias para o trabalho são um objetivo bastante específico, que requer conforto e segurança, acima de tudo. Embora uma bicicleta de BTT ou uma dobrável sejam opções a considerar para fazer percursos citadinos, a bicicleta para usar no dia-a-dia deve ser simples, de confiança e prática. Pneus mais largos irão assegurar uma viagem confortável e um design mais robusto não implica necessariamente menos rapidez. Usar uma fita no tornozelo para prender as calças evita que estas se sujem com óleo de corrente. E os guarda-lamas protegem o corpo (e a roupa) dos salpicos de lama gerados pelos pneus ao passar por cima de poças de água em dias de chuva - verás como são importantes para manter o traseiro e as costas secas depois da primeira viagem sem eles. A bicicleta perfeita para a cidade é aquela que torna a viagem cómoda, e que permita enfrentar com facilidade os obstáculos da estrada e os desafios meteorológicos.

Se precisas de te vestir bem no escritório...

...que ir de bicicleta não seja um problema. Muitas pessoas encaram a necessidade de usar roupa elegante no trabalho como um impedimento para fazer o percurso diário de bicicleta. É certo que é uma grande vantagem ter um chuveiro no local de trabalho para tomar um banho rápido à chegada. Mas não é obrigatório mudar de roupa após uma viagem de bicicleta de apenas uns quantos quilómetros. A não ser que haja algum imprevisto, uma queda, uma chuvada inesperada ou mesmo um dia demasiado quente, a maior parte das vezes não se chega a fazer um esforço assim tão grande - é o percurso para o trabalho, não a Volta a Portugal. De qualquer forma, pode ser uma boa ideia ter uma muda de roupa no trabalho, para o caso de ser necessário trocar. O mesmo se aplica ao calçado. E no caso de a bicicleta ficar parqueada no exterior, é boa ideia cobrir o selim com um saco de plástico, para que não fique molhado se chover. Não há nada pior do que pedalar com o rabiosque molhado.

Mantém-te sempre visível

Quem usa regularmente a bicicleta sabe da importância de estar sempre visível, especialmente à noite, com recurso a luzes. Caso te aborreça estar sempre a carregar a bateria das tuas luzes, ou se receias ficar sem luzes antes de chegar ao teu destino, talvez possas investir num gerador que produza eletricidade a partir do movimento das rodas. Pode comprometer um pouco a velocidade, mas permite gerar luz conforme pedalas, o que é uma enorme vantagem.

Procura novos caminhos

Mesmo que já tenhas identificado o percurso mais rápido ou mais conveniente entre casa e local de trabalho, todas as rotinas acabam por se tornar aborrecidas mais cedo ou mais tarde. Não tenhas receio de te aventurar por novos caminhos que possas ter descartado inicialmente. Dessa forma irás descobrir locais por onde não costumas passar e, muitas vezes, perceber que um pequeno desvio até te pode levar por ruas com menos trânsito.

Não te deixes intimidar

Há sempre quem acene com as estatísticas dos números de acidentes, mas a verdade é que os acidentes envolvendo bicicletas não são tantos como os mais dramáticos sugerem. A maioria dos condutores de automóveis é relativamente tolerante e promove a boa convivência na estrada, e há espaço para todos partilharem a estrada sem muita complicação, mesmo quando não existem ciclovias. Claro que nem sempre é assim, e há cidades e vilas onde andar de bicicleta implica cuidados extra. E se no teu círculo de amigos fores o primeiro a usar a bicicleta como meio de transporte, não te deixes intimidar: faz ver como ao fim de algum tempo estás em forma e como chegas diariamente ao trabalho com um sorriso nos lábios.

Conduz com confiança

Os ciclistas que conduzem demasiado próximos da berma por terem receio do trânsito estão na verdade mais propensos a terem um acidente. As bermas estão geralmente em pior estado do que a estrada, e tanto um buraco como detritos inesperados podem dar origem a uma queda. A melhor forma de conduzir uma bicicleta é trabalhar a confiança, e conduzir de forma precavida, mas também reclamando o próprio espaço na estrada de um modo razoável

Levar sempre material básico

Costuma dizer-se que só não fura quem não anda de bicicleta. Ou seja, a probabilidade de ter um pneu furado durante um percurso na cidade é extremamente elevada, pois as ruas e estradas costumam estar cheias de pequenos detritos como vidros e outros objetos pontiagudos. É boa ideia levar sempre uma bolsa com o material básico, para o caso de acontecer um furo e não haver nenhuma oficina de bicicletas por perto: uma câmara de ar suplente, um kit de ferramentas para desmontar pneus, uma bomba para encher pneus e toalhetes para limpar as mãos a seguir.

Não deixar que os ladrões ataquem

Até o ciclista mais experiente e preparado pode um dia ser alvo de roubo e ficar sem a bicicleta. É sempre recomendável investir num bom cadeado, que seja forte, mas também não demasiado pesado, para que possa ser transportado para todo o lado. Se costumas estacionar a bicicleta todos os dias no mesmo sítio (um parqueamento, um poste, uma grade), não é má ideia deixar um cadeado robusto preso no local, para que não tenhas de o transportar diariamente. Basta que não te esqueças da chave, claro.

Usa alforges para transportar coisas

Para transportar carga, sacos ou mochilas, nada como investir num rack traseiro para colocar alforges. Algumas bicicletas não têm os furos necessários no quadro para instalar um, pelo que é sempre melhor pedir conselho na loja. Podes também usar mochila, se achares confortável. Mas carregar objetos pesados ao fim de algum tempo é mau para as costas e, além disso, faz suar mais. O ideal é transportar o peso na parte de trás da bicicleta, pois dá mais estabilidade à bicicleta (ao contrário de levar a carga num cesto à frente).

Leva a bicicleta à revisão

Uma bicicleta que não funciona corretamente, que faz barulhos estranhos, trava mal ou não anda direita é sinal de que precisa de ir a uma oficina fazer uma revisão. Mais do que ser irritante durante uma viagem, uma bicicleta que não funciona corretamente pode tornar-se perigosa e falhar no pior momento. O ideal é fazer uma ou duas revisões por ano, para garantir que está tudo em ordem.

CICLOVIAS POP-UP: NOVAS CICLOVIAS EM LISBOA

A pandemia trouxe novos desafios às cidades em termos de mobilidade. Por todo o mundo, muitas pessoas preferem não usar os transportes públicos a fim de manter o distanciamento social e, por outro lado, o facto de se passar mais tempo em casa aumenta a necessidade física e psicológica de fazer algum exercício. É por isso que em muitas cidades onde a rede de vias cicláveis ainda era incipiente têm sido criadas ciclovias pop-up, para permitir que mais pessoas passem a usar a bicicleta como meio de transporte em segurança. Lisboa está a dar o exemplo.

Berlim, Paris, Barcelona, Bruxelas, Milão, Budapeste, entre outras cidades europeias, responderam ao pós-confinamento com a implementação rápida de ciclovias temporárias e alargamento de passeios, permitindo às pessoas deslocarem-se de um lado para o outro de forma simples e económica e sem terem de usar os transportes públicos. Portugal não ficou atrás, com Lisboa e Porto a tomarem algumas medidas imediatas para promover a mobilidade em segurança.

No caso de Lisboa, a autarquia pretende construir até Setembro 16 novas ciclovias, incluindo em algumas das principais avenidas da cidade, como as da Liberdade, Almirante Reis, da Índia, 24 de Julho e de Roma, por serem eixos importantes de circulação. Para tal, serão eliminadas algumas vias atualmente reservadas ao trânsito e estacionamento automóvel.

E porque é que se chamam ciclovias pop-up? Devido à rapidez com que serão criadas, sem necessidade de uma infraestrutura complexa ou obras de maior envergadura - basicamente é feita uma pintura no chão a demarcar o espaço da ciclovia e, se necessário, são colocados pilaretes para impedir o estacionamento automóvel. Com o tempo, se a utilização destas ciclovias se provar positiva, as estruturas tornar-se-ão progressivamente definitivas.

Em rápida expansão

Atualmente, a autarquia de Lisboa já implementou três ciclovias-pop up.

  • Na zona dos Olivais, a ciclovia da Rua Cidade de Bissau é unidirecional e vai complementar a rede existente na freguesia, fazendo a ligação à Rua Cidade de Luanda e Avenida de Pádua.
  • Na Rua Marquês de Fronteira, na zona de Campolide, a ciclovia é bidirecional e faz ligação com o Corredor Verde de Monsanto, ligando também à Rua Artilharia Um, à Rua Castilho e à Avenida Duque D´Ávila.
  • Na Avenida Almirante Reis está já implementada uma ciclovia bidirecional, desde o início da Rua da Palma (Praça Martim Moniz), até à Praça do Chile. Numa segunda fase, a ciclovia estender-se-á até ao Areeiro.

OMS recomenda andar a pé e de bicicleta

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda, neste contexto de pandemia, em que os níveis de contágio ainda não estão inteiramente controlados, que sempre que possível se deve usar a bicicleta ou mesmo andar a pé nas deslocações diárias. A bicicleta, refere a organização, "permite a distância social e ao mesmo tempo ajuda a manter os requisitos mínimos de atividade física, que pode ser mais difícil devido ao aumento do teletrabalho e ao acesso limitado ao desporto e a outras atividades recreativas".

BICICLETAS ELÉTRICAS: O QUE TER EM CONTA AO ESCOLHER UMA

Com as questões ambientais cada vez mais na ordem do dia, muitas pessoas começam a pensar mais a sério na mobilidade sustentável, e no modo como podem incorporar os meios de mobilidade suave, como a bicicleta, no seu dia-a-dia. Contudo, quando o local onde se vive apresenta subidas desafiantes, ou o percurso para o trabalho é relativamente longo, há quem desista de pedalar ao fim dos primeiros esforços. Mas atualmente as bicicletas elétricas - as chamadas e-bikes - são uma solução cada vez mais apetecível, e uma forma de dar um impulso extra à vontade de pedalar.

Quando se pensa em bicicletas elétricas, há quem ainda pense em modelos muito feios e pesados, uns autênticos monos sem charme nenhum, e que ao fim de pouco tempo perdem a bateria. A verdade é que a tecnologia, o design e a autonomia das e-bikes avançou muito nos últimos anos, fruto do interesse cada vez maior pela mobilidade sustentável e pelas energias renováveis. Mas será que as bicicletas elétricas são todas iguais? Qual é, em média, a autonomia da bateria? E quanto custa uma e-bike? Há muitas perguntas, mas também há respostas.

Preciso de uma bicicleta elétrica?

Nem toda a gente precisará, claro, de uma bicicleta elétrica. Pedalar numa bicicleta convencional, apenas com a força das pernas, continua a ter um enorme encanto, dado que somos nós e a bicicleta, numa simbiose perfeita. Mas há muitas razões pelas quais uma bicicleta elétrica pode ser um investimento a considerar, senão mesmo o melhor investimento em termos de meio de transporte para o dia-a-dia. Quem reside numa zona com uma topografia acidentada, por exemplo, em que é preciso vencer colinas e subidas mais ou menos íngremes; ou pessoas cuja condição física parece, num primeiro momento, não se conjugar com o usar a bicicleta diariamente; ou ainda pessoas de idade mais avançada ou com algumas limitações de mobilidade, para quem alguma assistência elétrica vem mesmo a calhar... São muitas as situações em que uma e-bike faz toda a diferença entre pedalar ou não pedalar.

O que é exatamente uma bicicleta elétrica?

Uma bicicleta elétrica é, essencialmente, uma bicicleta com um motor elétrico integrado e uma bateria que dá assistência e facilita o ato de pedalar - ou seja, torna-o mais rápido e mais leve. A expressão "dar assistência" significa que o motor da bicicleta só funciona quando se exerce força nos pedais, e por isso continua a ser uma bicicleta, ao contrário dos motociclos, que são movidos inteiramente através do motor. As bicicletas elétricas têm ainda um limite de velocidade, precisamente porque continuam a ser bicicletas: a corrente elétrica é interrompida quando se atingem os 25 km/h. Desta forma, a velocidade que é possível atingir faz com que as e-bikes sejam uma ajuda preciosa, mas precisamos na mesma de pedalar. A vantagem é o facto de permitirem fazer percursos em menos tempo que numa bicicleta convencional, além de tornarem a viagem menos cansativa, ao se vencer mais facilmente as subidas quando as pernas e a força nos falham.

É mais pesada que uma bicicleta normal?

As e-bikes são, por norma, mais pesadas e robustas do que os modelos convencionais de bicicleta, precisamente porque têm o peso extra da bateria. Ainda que as baterias se tenham tornado bastante mais leves nos últimos anos, o peso é sempre um fator a considerar antes de adquirir uma bicicleta elétrica. Isto porque serão sempre bicicletas mais difíceis de transportar no caso de não se ter uma garagem onde guardar a bicicleta, e caso seja necessário subir para um apartamento com ela.

Quanto tempo dura a bateria? E como se carrega?

Diferentes modelos de bicicletas elétricas têm diferentes autonomias, ou seja, a quantidade de tempo que se pode pedalar usando a assistência de motor. Quanto maior a capacidade de amperes-hora (Ah) da bateria, maior será a autonomia. Mas a autonomia varia consoante o modelo e o esforço associado à assistência durante o arranque e o percurso. Com um uso intensivo, é possível andar cerca de 50 km. E no final do percurso, ou do dia, a bateria pode ser carregada em qualquer tomada elétrica.

Quanto custa uma bicicleta elétrica?

O preço varia consoante o modelo e a marca, e há opções para todas as carteiras, mas há que ter em consideração que o preço será sempre superior ao de uma bicicleta sem assistência elétrica. O ideal será fazer algumas pesquisas, visitar várias lojas e fazer comparações antes de se tomar uma decisão. Regra geral, os preços andam entre os 900 e os mil euros, sendo que abaixo desse valor a qualidade das bicicletas pode deixar muito a desejar. Os modelos de algumas marcas mais reputadas podem chegar aos dois ou três mil euros, ou ainda mais. Uma vez que são bicicletas com um custo mais elevado, será sempre indicado ter um local seguro onde a guardar, pois serão facilmente cobiçadas se forem deixadas na rua. Uma vantagem é que as baterias são geralmente removíveis, pelo que pode levar-se connosco no caso de termos de deixar a bicicleta na rua durante algum tempo. Como escolher uma marca e um modelo? Se possível, ao visitar lojas de bicicletas, deve-se comparar vários modelos para perceber se nos sentimos confortáveis a andar na bicicleta, de que forma o corpo se adapta ao modelo e como é que o peso da bicicleta influencia a estabilidade ao pedalar.

É boa ideia avaliar os percursos que se fazem habitualmente ou se planeiam fazer de bicicleta. Se forem percursos com subidas, convém optar por uma bicicleta que garanta uma maior assistência ao pedalar. Esse fator deve ser combinado com a capacidade da bateria: os trajetos longos exigem uma boa autonomia.

Há que ponderar se se precisa de assistência no arranque. Em alguns modelos, o motor elétrico liga-se assim que deteta pressão nos pedais. É útil para quem vive em zonas de relevo acentuado.

Antes de fazer a compra, deve-se perceber se a loja garante o serviço pós-venda. Do ponto de vista técnico, uma bicicleta elétrica é mais complexa do que uma convencional. Por exemplo, se o motor estiver instalado numa das rodas, substituir um pneu furado pode ser mais difícil.

Tenho de usar capacete?

Em Portugal, quem anda de bicicleta não é obrigado por lei a usar capacete. No entanto, as e-bikes são uma exceção. Apesar de serem equiparadas a velocípedes normais para efeitos do Código da Estrada, uma vez que se tratam de velocípedes a motor com a possibilidade de atingir velocidades superiores, o uso do capacete é obrigatório.

PEÕES NA CICLOVIA: CONTORNAR OU RECLAMAR?

Cada vez mais, as cidades apostam na construção de ciclovias, a pensar no conforto e segurança dos ciclistas. Nelas é possível usar a bicicleta sem ter de lidar com o trânsito, algo que pode vezes ser uma aventura arriscada. Mas o piso lisinho das ciclovias é, com frequência, ideal para dar um passeio a pé. O que fazer quando vamos na nossa bicicleta e nos deparamos umas quantas pessoas a impedir o caminho? Quem é que tem razão?

Por muitas razões, as ciclovias nem sempre são o melhor sítio para usar a bicicleta. Pode parecer um contrassenso, mas há muitas razões para tal, como o facto de estas poderem não ter sido bem construídas e poderem conter obstáculos ou interrupções estranhas das quais não se está à espera. Mas outra das razões pela qual muitos ciclistas optam antes por usar a estrada é o facto de as ciclovias serem, geralmente, um chamariz para os peões. Normalmente as ciclovias são feitas ao lado de percursos pedonais, o que leva a alguma "promiscuidade" - ou seja, facilmente os peões passam para a ciclovia, simplesmente porque ela está ali ao lado. Aliás, por vezes acontece mesmo as vias serem partilhadas entre peões e bicicletas, o que pode ainda gerar mais confusão. E quer sejam senhoras de salto alto no seu passeio domingueiro, quer sejam desportistas a dar a sua corrida matinal, a verdade é que o piso das ciclovias é irresistível. Inconscientemente, gostamos de seguir um caminho marcado, e é também por isso que, sem dar por isso, todos nós, um dia, já demos por nós a andar a pé por uma ciclovia.

Não adianta irritares-te

Quando vamos a pedalar na ciclovia, a pensar na nossa vidinha, e por vezes a uma certa velocidade, é claro que não estamos à espera de encontrar pessoas num sítio onde elas não deveriam estar a passear. Afinal, a ciclovia é para as bicicletas! E tocamos a campainha, para avisar os peões da nossa presença. Tocamos a campainha duas e três vezes e os peões não ouvem, não se desviam. E depois enfurecemo-nos. Às vezes dizemos coisas menos bem-educadas. Bem, nem toda a gente o fará, é claro, mas há quem o faça. E a verdade é que não adianta muito, pois apenas vamos ficar irritados, com o risco de prestarmos menos atenção ao caminho, e talvez mal-humorados durante o resto do dia. E o mais certo é termos novamente mais peões no caminho mais à frente!

Zela pela tua segurança

Mas por muito que tenhas razão - a ciclovia é para as bicicletas - lembra-te de que o peão é sempre o elo mais fraco. Sim, é verdade que aquela pessoa que vai a conversar ao telemóvel não tem a mínima preocupação de onde está a pôr os pés. Sim, é verdade que aquele grupo de amigos que acabou de sair do restaurante podia ir pelo passeio em vez de ocupar toda a extensão da ciclovia. Sim, é verdade que aquele casal com duas crianças e um carrinho de bebé não olhou para ver se vinham bicicletas naquela direção. O que deves fazer é, antes de mais, zelar pela tua segurança. Se tens a noção de que a determinadas horas do dia aquela ciclovia por onde passas é mais concorrida e procurada pelos peões, evita ir a grande velocidade a essa hora. Abranda sempre que te aproximares de aglomerados de peões e, se não tens campainha, arranja uma. Se mesmo isso não for suficiente para avisar os peões e levá-los a desviarem-se, fala com eles. Ao te aproximares pede-lhes, em voz firme, mas educada, que se desviem e te deixem passar. E, sempre que possível, recorda-os de que andar a pé pela ciclovia pode ser arriscado para a segurança deles, pois são vias reservadas para as bicicletas.

Afasta-te serenamente

Claro que irás sempre encontrar aquela pessoa que se acha dona da razão, e que insiste em não se desviar. O nosso conselho? Não percas muito tempo com ela. Não imponhas a tua presença e, por favor, não atropeles ninguém!! Bem, talvez só uma ultrapassagem com um ligeiro raspão, para lhe mostrar quem é o Rei da Ciclovia... Mas agora a sério, evita os confrontos, ou deixarás de conseguir apreciar a tua voltinha de bicicleta em toda a sua plenitude.

PEDALAR COM FRIO E CHUVA? PORQUE NÃO?

Os dias invernosos são aqueles que mais facilmente desmotivam qualquer ciclista. O nosso país nem é dos mais frios - não temos de lidar com a neve como os holandeses ou os alemães, por exemplo - mas, quando a chuva não dá tréguas, há quem deixe a bicicleta guardada e só a volte a usar nos dias quentes de verão, quando sente mais prazer em pedalar. Mas não tem de ser assim. Todos os dias são bons para pedalar, tomando algumas medidas prévias.

 Mesmo no inverno, por vezes o sol espreita, afugentando a chuva e o frio. E que dizer dos dias de primavera, tão instáveis quanto prazenteiros? Depois de uma chuvada, os raios de sol fazem as ruas brilhar, o ar fica mais limpo, e parece que o mundo surge novinho em folha perante os nossos olhos. Nessa altura, pegar na bicicleta e seguir caminho pode tornar-se uma aventura especialmente bonita.

Mas também uma aventura que pode trazer percalços, é claro. O piso molhado está mais escorregadio do que o normal, e as poças de água podem esconder perigos vários, desde buracos a objetos capazes de furar um pneu. Por isso, aqui seguem algumas dicas para assegurar uma viagem confortável e segura.

 Roupa

Antes de mais, vista-se em camadas. Compre roupas quentes e impermeáveis específicas para andar de bicicleta, pois estas foram concebidas para as posições e movimentos do corpo de um ciclista enquanto pedala na bicicleta. Luvas e calçado de boa qualidade e que protejam do vento são essenciais, porque as mãos e os pés são as partes do corpo que enregelam primeiro. Leve consigo uma ou duas camadas extras, para o caso de o tempo piorar, e uma mochila onde possa guardar algumas peças no caso de o tempo ficar mais quente. De qualquer forma, mesmo que sinta um pouco de frio quando monta na bicicleta, não se esqueça que se sentirá mais quente ao fim de umas pedaladas. Se não tiver frio nenhum, é porque está demasiado vestido!

A bicicleta

Tente não usar sua bicicleta "boa" para um passeio com frio e chuva pelo meio, pois as condições climatéricas agrestes podem ser prejudiciais à bicicleta. Se tiver uma bicicleta antiga armazenada, use-a, deixe-a apanhar ar. Ou então, pode usar o mau tempo como desculpa para comprar aquela bicicleta robusta que tem andado a namorar. Em dias de chuva, recomenda-se ter uma menor pressão nos pneus, para facilitar a aderência ao asfalto, mas claro, tudo depende de como se sente mais confortável. Sobretudo, lembre-se de lavar a bicicleta depois de cada viagem ¬- não só a água, mas também a lama e outros resíduos que ficam presos às rodas e no quadro, podem corroer o metal.

De seguida, aplique um lubrificante para manter tudo a funcionar sem problemas, e assegurar que não tem surpresas na sua próxima viagem.

 Os pneus

Os furos nos pneus acontecem com mais frequência em dias de chuva - precisamente aqueles em que não nos apetece estar ao relento - porque as poças de água podem ocultar vidros partidos e outros objetos hostis aos pneus. Por isso, é conveniente levar sempre consigo câmaras de ar extra e uma bomba. Se estiver a liderar um grupo num passeio, por exemplo, certifique-se de que tem material suficiente para atender a todos os elementos que possam necessitar de reparar um furo.

Comida e bebida

Se o percurso que vai fazer é longo e não prevê que haja cafés ou restaurantes pelo caminho, leve consigo barras energéticas, café ou chá e muita água. Armazene as bebidas quentes em garrafas térmicas com revestimento duplo para as manter quentes.

Outras recomendações

Leve sempre luzes, porque pode escurecer de repente ou cair uma daquelas chuvadas que limitam a visibilidade - e você quer estar sempre bastante visível para os automobilistas. Mantenha sempre uma pequena luz recarregável no guiador e invista numa luz traseira mais brilhante que tenha modo de piscar. Bastante recomendável também é ter guarda-lamas em ambas as rodas, para evitar os desagradáveis salpicos de água e lama, tanto para cima de si, como de outros colegas ciclistas. E, finalmente, se pedalar em dias mais frios, não se esqueça de usar um creme hidratante e um protetor para os lábios. Pode não parecer importante, mas a pele ressente-se da exposição ao ar frio.

É NESTAS ALTURAS QUE ACONTECE A MAIOR PARTE DOS ACIDENTES

Conduzir uma bicicleta pela cidade não é uma atividade isenta de riscos. Tens ideia de quais são os dias e as horas em que há mais probabilidade de acontecer uma colisão com um carro? E sabes quais são os locais onde é mais provável que aconteçam acidentes? Uma firma americana de advogados, a Rosenthal & Kreeger, juntamente com uma equipa da agência 1Point21, reuniu uma série de informações e estatísticas sobre acidentes envolvendo bicicletas. E chegaram a algumas conclusões interessantes relativamente ao panorama dos EUA.

 

 Os acidentes fatais estão a aumentar

Em 2017, nos Estados Unidos, houve 783 mortes de ciclistas (incluem-se aqui condutores de bicicletas, triciclos, monociclos e veículos não motorizados de duas rodas), o que representa 2,1% de todos os acidentes de trânsito. Este valor diminuiu 8% em relação ao ano anterior. Contudo, a tendência a longo prazo não é tão positiva, pois na realidade as mortes de ciclistas aumentaram em 13% nas áreas urbanas desde 2008. Nas áreas rurais acontece o oposto, uma vez que as fatalidades diminuíram em 15%.

Apenas se verifica uma diminuição constante do número fatalidades entre as crianças, uma vez que a maioria dos estados norte-americanos instituiu leis acerca do uso de capacete. Ainda assim, os estudos demonstram que mais de metade dos adultos não usa capacete. Geralmente, as lesões mais graves num contexto de acidente de bicicleta ocorrem na cabeça, o que significa que o número de mortes poderá diminuir quanto mais os adultos usarem também capacete.

 Há oito vezes mais mortes de ciclistas masculinos que femininos

As estatísticas também mostram que as mortes derivadas de acidentes em bicicleta foram oito vezes mais nos homens do que nas mulheres, sendo os homens entre os 45 e os 64 anos quem sofre lesões com mais frequência. Uma das principais causas de acidentes é falta de atenção. Existem muitos ciclistas que usam dispositivos de mãos-livres e headphones enquanto pedalam no meio do trânsito, por exemplo, o que pode ter consequências nefastas, pois ficam menos alerta para o ambiente em redor. Outro fator que pode provocar acidentes é o consumo de álcool, que foi registado em 37% das ocorrências.

30% dos acidentes acontecem em cruzamentos

A boa notícia é que os ciclistas estão relativamente seguros a pedalar nas ciclovias, onde acontecem apenas 4% dos acidentes. No geral, a maioria dos acidentes fatais de bicicleta ocorre em áreas urbanas, com 30% dos acidentes a acontecer em cruzamentos e interseções.

As horas mais propensas a acidentes

Foi também possível aferir qual a altura do dia, e em que dia da semana, existe mais propensão para acontecerem acidentes. A maioria dos acidentes ocorre quando a luz do dia diminui aos fins de semana, e quando o trânsito é intenso durante a semana (ou seja, nas horas de ponta), ao fim do dia. Esses fatores também têm influência no número de fatalidades. No horário das 18h às 21h acontecem mais mortes entre os ciclistas do que em qualquer outro horário do dia. Além disso, 45% de todas as mortes ocorrem em contexto de fracas condições de visibilidade, ou seja, ao anoitecer.

Nos EUA, os acidentes custam cerca de 230 mil milhões de dólares por ano

Também a contribuir para o aumento de acidentes está o facto de ser cada vez mais popular usar a bicicleta como meio de transporte habitual. Infelizmente, isto combinado com as distrações enquanto se conduz, tem o seu preço. De acordo com um estudo realizado pela Universidade da Califórnia, São Francisco (2013), os custos médicos dos acidentes de bicicleta não fatais têm vindo a aumentar progressivamente em 789 milhões de dólares a cada ano. O estudo concluía que, à data, as lesões fatais e não fatais somavam 237 mil milhões de dólares.

Legendas gráficos: 1 - Acidentes nos EUA 2 - Acidentes por idade, grupo e local 3 - As horas mais críticas para conduzir uma bicicleta 4 - Acidentes de bicicleta também dependem da hora do dia

     

ViVER EM CASAS PEQUENAS: ONDE É QUE EU ARRUMO A BICICLETA?

É um dos grandes dilemas de quem vive em apartamentos e lida diariamente com a falta de espaço. Quando não se tem uma garagem ou uma divisão específica para guardar as bicicletas, e deixar na rua (ainda que devidamente presa com cadeado) não é uma opção, como arrumar a bicicleta em casa sem que nos atrapalhe a circulação?

 

 A situação só se agrava quando se tem mais do que uma bicicleta. E nem é preciso muito esforço, basta pensar numa família de dois adultos e uma criança, em que cada um tem a sua própria bicicleta. Se a casa tem, digamos, quatro ou cinco assoalhadas, facilmente se pode fazer uma gestão eficaz do espaço, de forma a reservar uma divisão para as bicicletas e todos os acessórios, roupa, ferramentas, etc. Mas o caso muda de figura quando falamos de pequenos apartamentos, com pouco mais do que uma sala e um ou dois quartos.

E temos ainda outros desafios para ultrapassar... O que fazer quando se mora num quarto andar sem elevador? Carregamos a bicicleta escada acima e escada abaixo sempre que precisamos dela? A solução pode passar por não subir as escadas de todo. Caso haja espaço suficiente na entrada do prédio, que tal sondar os vizinhos e o condomínio, e pedir autorização para deixar a bicicleta na entrada, num sítio onde não impeça a circulação? Isto só será viável, claro, se achares que é seguro, e recorrendo a cadeados para deixar a bicicleta bem presa. Afinal, basta a porta do prédio não ficar bem fechada e podes descobrir pela manhã que ficaste sem a tua bicicleta.

 Não sendo esta uma opção, nada como levar então a bicicleta para casa. E aqui o truque é ser criativo, procurando incorporar a bicicleta na decoração da casa. E já sabes, quanto mais bonita for a tua bicicleta, mais a tua casa parecerá saída de uma produção de revista. Podes simplesmente encostá-la a um parede, o que é prático, pois não tens de te esforçar muito sempre que queres sair para dar uma volta. Ou podes, por exemplo, colocar uns suportes para pendurar a bicicleta na parede. Quem precisa de quadros se podes ter a bicicleta por cima do sofá? Há, contudo, que ter em consideração a possível sujidade. Antes de entrares em casa com a bicicleta faz uma limpeza básica, para evitar marcas das rodas ou de óleo nas paredes. Caso tenhas uma bicicleta dobrável, a arrumação fica claramente facilitada, pois por ser compacta fica bem em qualquer cantinho.

 Eis algumas sugestões de arrumação que funcionam bem em casa pequenas (e mesmo em casas grandes):

Ganchos - Se as paredes lá de casa forem resistentes o suficiente, podes fixar um gancho (idealmente, revestido a borracha), para pendurar a bicicleta pela roda dianteira ou traseira, ficando a bicicleta na posição vertical. Assim garantes que a bicicleta não atrapalha nem cai facilmente ao chão.

Suportes - Há muitos diferentes tipos de suportes, mas a ideia é sempre a mesma: pendurar a bicicleta pelo quadro. Alguns suportes permitem até pendurar mais do que uma bicicleta, e outros podem ser rebatíveis, para quando não estão a ser usados.

Pendurar no teto - Esta é uma boa solução para quem tem uma casa com pé direito alto. Usando uma estrutura de cabos e roldanas, a bicicleta pode ficar arrumada junto ao teto, e assim não rouba espaço útil à casa.

   

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